Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz do esquecimento.
Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado.
Pára e fica, e demora-se um momento.
Pára e fica, na doida correria.
Pára à beira do abismo, se demora.
E mergulha na noite escura e fria.
Um olhar de aço, que essa noite explora.
Mas a espora da dor seu flanco estria,
E ele galga e prossegue sob a espora...
Ângelo de Lima (1872 - 1921)
19 junho 2007
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Um comentário:
É raríssimo eu gostar de um poema com rima, por achar que a rima tira a poesia e torna o poema artificial.
Mas não é este o caso.
Ambas casaram perfeitamente neste belíssimo soneto.
CSD
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