Num deserto lugar do Irão há uma não muito alta torre de pedra, sem portas nem janelas. No único compartimento (cujo o chão é de terra e tem a forma de um círculo) há uma mesa de madeira e um banco. Nessa cela circular, um homem parecido comigo escreve em caracteres que não compreendo um longo poema sobre um homem que noutra cela circular escreve um poema sobre um homem que noutra cela circular...O processo não tem fim e ninguém poderá ler o que os prisioneiros escrevem.
Jorge Luis Borges (1899-1986)- A Cifra,1981
7 comentários:
Angustiante.
Talvez recriem a vida que jamais irão viver.
eu quando gosto
gosto sempre
e de tudo o que este homem escreve.
Afinal encontraste, e ainda bem!!
que imensidão de partilha secreta e intransmissível....
belo...que tudo se inscreve por breves momentos no frágil tecido do tempo...
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mas acontece...acon tece...
o Borges sempre soube
falar muito bem da dor.
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bem vindos à realidade.
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