Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noiteesplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço – e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave – qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor
que te procuram.
Herberto Hélder
(para a Mulher que me ensinou a procurar...)
7 comentários:
NAS
CER
de sangue ar musgo vento e água
~
que também nascendo se procura...
beijO
Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
...
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
...
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
...
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinho de mim, deixa ser meu o teu quintal
...
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim
Para o Homem que não procurei e tive a felicidade de encontrar!
M
este poema não se encontra cai-nos, e as ideias que o percorrem fazem-nos falar no silêncio, que somos...
eu que o declamo, adoro-o,
A mulher que falas e a ti, também não vos procurei, achei-me com vocês, e adoro-vos aos dois... e está quase a fazer um ano... o nosso primeiro abraço.... e desde aí.... a nossa amizade encontrou-se completamente
Excelente escolha para partilhar...
voltarei...
e para atalhar caminho...foi linkar este teu pedaço ;)
a ti...pressagio-te...vida!
:)que 2008
se te abra......pleno.......
bom ano!
bom ano, k.
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