“Nascemos súbditos. Somos súbditos a partir do momento em que nascemos. Uma marca dessa sujeição é a certidão de nascimento. O Estado aperfeiçoado detém e conserva o monopólio de atestar o nascimento. Ou nós é passada (e trazemos connosco) a certidão do Estado, adquirindo assim uma identidade que no decurso da nossa vida permite ao Estado identificar-nos e fazer o nosso seguimento (perseguir-nos), ou prescindimos de identidade e condenamo-nos a viver fora do Estado como animais (os animais não têm documentos de identidade).
Não se trata apenas de não podermos entrar no Estado sem certificação: aos olhos do Estado, não morremos enquanto o nosso óbito não for certificado; e só nós é passada uma certidão de óbito por um funcionário (ou funcionária) que por sua vez é detentor (ou detentora) de uma certificação estatal. (…)
Que o cidadão viva ou morra, não interessa ao Estado. O que importa ao Estado e aos seus registos é se o cidadão está vivo ou morto.”
Diário de Um Ano Mau – J.M Coetzee
20 janeiro 2009
Política interna e esquecimento...
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Um comentário:
sim, comprovei isso mesmo
há pouco tempo.
(ao vivo!
~
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